Tenho acompanhado muitas discussões sobre as OpenSpaces, um tipo de ilha no Second Life também conhecida como void, destinada para espaços vazios, florestas e mares. Parece meio sem propósito, mas esses "vazios" agregaram muito valor à regiões residenciais e também às destinadas a RPG, pois é possível criar grandes áreas de mares navegáveis, florestas e montanhas, uma atração a mais sem um custo tão alto. Muito mais espaço para moradores e visitantes!
Estas ilhas tem um preço bem atrativo (25% do preço de uma ilha normal), porém com algumas limitações. Só que estas limitações são apenas teóricas, ou seja, na prática ninguém respeita os limites de uso impostos pela Linden, por um motivo muito simples: são limites descritos apenas nas regras de uso. Na prática é possível fazer quase tudo que se faz com um full sim, a única restrição real é a quantidade de prims reduzida. Pode-se construir usando até 3.750 prims (1/4 dos prims de uma full, que permite até 15.000 prims) mas é possível usar scripts para criar prims temporários que não entram nessa conta. E foi aí que muitos donos de terra que vivem apenas de venda e aluguel viram uma grande oportunidade de aumentarem seus lucros, pois poderiam ter 4 ilhas pelo preço de 1. Só que eles "esqueceram" de avisar seus inquilinos sobre as regras de uso para este tipo de ilha. Além disso regras só funcionam quando podem ser fiscalizadas e a própria Linden admite não conseguir fiscalizar tudo. Aí começaram os problemas.
Hoje em dia, com a venda massiva das OpenSpaces, a maioria dos shoppings, camps e festinhas são feitas neste tipo de ilha, por ser mais barato, assim dá mais lucro tanto pro dono quanto pro inquilino. Seria perfeito, se não fosse um detalhe: para conseguir um custo tão mais baixo, estas ilhas utilizam um servidor compartilhado. No caso dos full sims, as ilhas tem servidores exclusivos, ou seja todo o recurso de memória, espaço, link, etc é usado por apenas 1 ilha. Nas Open Spaces, estes recursos são divididos entre 4 ilhas Open Spaces.
E com esta popularização, são nesses lugares que muitos usuários passam a maior parte do tempo. O que acontece é que a percepção desses usuários sobre o SL vem justamente dessa experiência. No dia-a-dia eu recebo visitantes, ajudo novatos, atendo clientes e acabo presenciando muita gente reclamando de lag, dizendo que o SL está muito lento, que não funciona direito. O pessoal não percebe que é porque estão numa ilha dessas... talvez a grande maioria nem saiba disso.
Agora a Linden resolveu aumentar os preços alegando que os usuários não estão usando para o fim ao qual elas foram criadas: como espaços vazios. A imensa maioria está usando para construir shoppings, lojas, clubs e muitos outros usam como residência, pois tem mais privacidade quando a ilha está isolada no mapa. Mas alguns usam apenas como grandes áreas vazias e estes agora terão que pagar pelo abuso alheio.
Eu, pessoalmente, acho um erro esse aumento de preço. Deveriam ter limitado tecnicamente os recursos dessas ilhas logo no início ou quando os abusos começaram. Digo isso porque comprei uma OpenSpace para uso pessoal, fiquei 2 meses com ela e abandonei. Comprei para ter um lugar tranquilo e isolado sem ninguém, onde eu pudesse criar minhas coisas em paz. Adivinha se consegui? NÃO! Era impossivel o lag, mesmo com a ilha vazia, sem ninguém e nenhum prim, eu não conseguia criar nem um simples cubo. Reclamei e a resposta que tive foi - o servidor é compartilhado e não podemos garantir a performance. Não pensei duas vezes e devolvi a ilha.
A questão nem é o numero de prims, o problema é que ficou comum colocarem 60, 70 pessoas numa ilha que deveria suportar não mais do que 25 pessoas. Um servidor feito para aguentar 100 acessos agora tem até 400 pessoas simultaneamente. Tudo sendo usado 4x mais. Claro que vai dar problema de performance!
Acho que a Linden deveria rever esta alteração de preço. Em vez de cobrar mais deveria realmente reduzir os recursos. Assim quem usa da forma correta não será prejudicado. E quem quer usar comercialmente que vá procurar um full sim que é feito pra isso.
